Angola vai apresentar pela primeira vez quatro projectos na ordem dos três mil milhões de dólares (2,5 mil milhões de euros) no Africa Investiment Fórum, a decorrer em Rabat, Marrocos, entre 26 e 28 deste mês. São projectos validados pelos 20 milhões de angolanos pobres que, recorde-se, continuam a pedido do MPLA a aprender a viver sem… comer.
Segundo o economista chefe do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), os projectos a serem apresentados por Angola estão ligados às áreas dos fertilizantes, logística (portos e cabotagem), água e saneamento e de agro-processamento.
Joel Muzimba destacou a informação durante a mesa redonda com o tema “Diversificação dos Instrumentos Financeiros – Onde estamos e para onde pretendemos ir”, abordado no XIV Fórum Economia & Finanças, promovido pela Associação Angolana de Bancos (Abanc).
O economista chefe do BAD salientou que o sector privado está convidado “a tomar parte nesta feira internacional, a única que consegue mobilizar num único ano 48 mil milhões de dólares [41,3 mil milhões de euros] em financiamento”.
“Este ano, é um ano de inovação, e quem traz a inovação é Angola. Pela primeira vez, Angola terá (…) projectos na ordem dos três mil milhões de dólares, na área dos fertilizantes, logística [portos e cabotagem], água e saneamento e agro-processamento. E esses projectos vão ser exibidos na escala do topo, e queremos mostrar que em Angola também somos capazes”, frisou.
O Africa Investiments Forum, organizado pelo grupo do BAD e parceiros fundadores, vai reunir investidores, patrocinadores de projetos e líderes governamentais, para promover projetos africanos nos setores das infraestruturas, digitalização, agro-negócio e energia.
Durante o debate, Joel Muzimba destacou que o BAD, um banco pan-africano, com um capital de 300 mil milhões de dólares (258,1 mil milhões de euros), consegue empréstimos a taxas de juros abaixo de 4%.
Joel Muzimba referiu que em Angola as Pequenas e Médias Empresas (PME) têm dificuldades para aceder a créditos, principalmente com o BAD, “porque o limite para o banco são 30 milhões de dólares [25,8 milhões de euros]”.
De acordo com o economista chefe do BAD, o banco financia apenas um terço dos 30 milhões de dólares “e ajuda o empreendedor a conseguir o outro um terço”, sendo obrigação do empresário entrar também com um terço.
“Quem é que tem 10 milhões de dólares [8,6 milhões de euros] nas PME aqui em Angola?”, questionou, apontando como soluções as garantias parciais de risco, que cobrem não só o risco cambial, que tem sido um entrave ao crédito no país lusófono, e as garantias que cobre o risco de operação.
“O Quénia, a Nigéria, estão a beneficiar deste instrumento”, disse Joel Muzimba, acrescentando que se “fez festa com os recursos do BAD”, mas os empresários angolanos “estão a dormir”.
“Aqueles que têm músculo financeiro estão a dormir”, frisou.

